Seguindo em frente

Não por Acaso
(Não por Acaso, Brasil, 2007, 90 min, Drama)

Um acidente de trânsito vitima a jovem estudante Teresa (Branca Messina) e a dona de livraria Mônica (Graziella Moretto), causando transformações no cotidiano daqueles que eram próximos dessas duas mulheres.

Não por Acaso, primeiro longa-metragem do carioca Philippe Barcinski, mostra a São Paulo do centro velho. Um pouco depreciado pelos anos, mas ainda formoso e imponente. Local em que os personagens estão tentando prosseguir com suas vidas depois das trágicas perdas.

Rodrigo Santoro vive o metódico namorado de Teresa, Pedro, fabricante de mesas de sinuca, que tenta substituir a falta que sua amada lhe faz, repetindo sua antiga rotina com seu novo romance, a ríspida Lúcia (Letícia Sabatella), executiva e inquilina do apartamento de Teresa.

Do outro lado da narrativa, Élcio (Leonardo Medeiros), engenheiro de tráfego introspectivo e solitário, é procurado por sua filha com Mônica, Bia (Rita Batata), com quem não tinha nenhuma relação até a tragédia.

Aprender a se relacionar e construir do zero o convívio entre estranhos é o mote da produção. As atuações de Leonardo Medeiros e Rita Batata, nesse aspecto são emocionantes.

O Pedro, de Santoro, é dono de um gestual obstinado e maniqueísta o suficiente, a ponto de forjar uma reprodução de sua vida pregressa.

Um filme modesto, muito bonito nos sentimento que evoca. Timidamente exuberante nas imagens da metrópole paulistana, que aparece não pelos seus pontos turísticos mais importantes, mas por meio do seu maior algoz: o acachapante trânsito.

Dramático sim, mas honesto o suficiente para reconhecer tal apelo e tornar o que poderia ser simplesmente melancolia em um sufrágio de esperança.