4.2.08

A tristeza também está presente na cidade luz

Assisti a esse belo filme em no último dia 27 de janeiro. Abaixo minhas impressões sobre a história.


Em Paris (Dans Paris, França, 2006, 92 min, Drama)


Paul (Romain Duris) volta a Paris depois de viver por um ano no interior da França. Ele chega à cidade dos apaixonados desacreditado no amor. Seu relacionamento terminou, e o francês está arrasado.

Na cidade luz, a sua única opção é regressar à vida familiar e tentar não pensar em Anna (Joana Preiss). Mas, catatônico, Paul tem o pensamento fixo no rompimento.

“Em Paris” (Dans Paris, 2006), dirigido e roteirizado por Christophe Honoré, é menos um longa-metragem sobre o amor, do que é um filme sobre as nuances da tristeza. E em todos os personagens se percebem traços de ressentimentos passados.

Além do protagonista deprimido, seu irmão Jonathan (Louis Garrel) – o narrador do filme – é um “bon vivant” que pula de aventura sexual em aventura, desapegando-se aparentemente de cada nova conquista.

Os desabores da vida também se notam nos pais de Paul e Jonathan. A mãe é ausente e o pai rabugento ainda sofre por ter sido trocado anos atrás. Ambos, no entanto, têm fresco na memória a lembrança do suicídio de uma filha, há doze anos.

A estrutura do filme dividida em duas partes é quase didática. No início, observamos a autodestruição de um casal. Um jogo de gato e rato, em que um cede e o outro repele, alternando demonstrações de carinho e repulsa até culminar na separação. Belas são essas cenas, cruas, líricas e, por vezes, excitantes.

Já na casa do pai e do irmão, na segunda parte da película, Paul é um resquício do homem seguro que aparentava ser. E na duração de um dia ele vai se reerguer transformado e consciente de seus verdadeiros sentimentos.

O rock, principalmente dos anos 80, é uma ferramenta narrativa com bastante influência no filme. Duas das mais inventivas e surpreendentes cenas envolvem diretamente música. Na primeira, uma dança sensual de Anna para Paul; na outra, um telefonema desesperado entre os dois amantes.

O espectador acompanha o desenrolar da história surpreendido. Os cortes e flashbacks dão ao longa um ritmo próximo ao fluxo de pensamento. Por vezes coeso e racional, em outras ocasiões beirando o sonho.

Mesmo assim, a precisão dos diálogos e a fisionomia triste das personagens são tão reais que não são necessários diferentes registros para compreender que em Paris, também se chora por saudade, amor e simplesmente por tristeza.

4 comentários:

Cadinho RoCo 4/2/08 18:16  

Muita cisa acontece em Paris.
Cadinho RoCo

Anônimo,  5/2/08 00:19  

muito interessante!

Tiago 5/2/08 09:37  

E com certeza
Mesmo na cidade Luz mtos problemas podem aparecer
E conhecer uma realidade paupável como essa que vc disse pode mexer com a gente..
Saudade de poder assistir filmes assim!
E é isso!

Beeelo dia querido
Bom carnaval

K. 7/2/08 11:15  

Assisti há algumas semanas e confesso que me deixei cochilar. Apesar de gostar da premissa, achei o filme pretensioso e, paradoxalmente, muito preso à Nouvelle Vague. Repetir o que já foi feito me incomodou... Eric Rohmer era mestre nesse tipo de filme, e Honoré, para mim, não foi além. Até Marie France Pisier, uma das musas da Nouvelle Vague, deu as caras, não? Acho que é ela quem faz a mãe.

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