Irreverência x adoração - Camelo e Reginaldo

Dois frontmen bem distintos agitaram a madrugada de domingo durante a 5ª Virada Cultural. De um lado a adoração de uma multidão saudosista. Órfãos de uma banda bissexta que embalou com muitos anos e sucessos o cenário musical brasileiro, Los Hermanos. Do outro, em um dos tradicionais pontos de boemia da capital paulista, um cantor de figura peculiar e carisma inegável.

O palco principal da Virada Cultural, na av. São João, ficou pequeno para o show solo de Marcelo Camelo. Apresentando as faixas de seu disco "sou (Nós)", o cantor e guitarrista se viu seduzido por uma plateia jovem que cantava a pino todas as suas canções.

A expectativa era que Mallu Magalhãe, namorada do hermano, fizesse um dueto na sensível "Janta", mas isso não aconteceu. A ex-banda foi lembrada no hit "Pois é". O final do show contou ainda com o clássico "Além do que Se Vê" cantado em comunhão uníssona com os fãs. Foi lindo.

"Só em português é brega?"

Quase uma hora depois, no largo do Arouche, Reginaldo Rossi pisou no palco "Romântico" da Virada Cultural e deu seu recado dizendo-se vítima do patrulhamento de meia dúzia de intelectuais da cultura brasileira.

Com poucas músicas no repertório e muita falação, o cantor mostrou trechos de sucessos internacionais que considera igualmente brega. Em "I Will Survive", disse que a música tratava de um "casal de bibas terminando". O trecho "Go on now go walk out the door", ele traduziu como "Saí do armário mona".

O hit "Garçom", composto em homenagem às mulheres, foi acompanhado por todos os presentes, que se divertiam com a irreverência do artista.

fotos: G1 e Laura Figueiredo/Divulgação