O moralismo de "A Favorita"

Quando for ao ar seu último capítulo, no dia 16 de janeiro, a novela "A Favorita" (Globo) terá a marca dos elogios de ser uma trama inovadora, que subverteu o tradicional esquema do folhetim ao revelar o criminoso logo no segundo mês da trama. Porém a novela das nove, de autoria de João Emanuel Carneiro, guardará ainda a pecha de ser muito moralista.

Explico. Além das maldades da transloucada e diabólica Flora (Patrícia Pillar), "A Favorita" é uma história cheia de conceitos morais bastante retrógrados. Quatro polêmicos personagens marcam isso: Orlandinho (Iran Malfitano), Stela (Paula Burlamaqui), Dedina (Helena Ranaldi) e Leo (Jackson Antunes).

Transformado em gay no início da novela, Orlandinho "se curou" e encontrou o amor heterossexual em Céu (Deborah Secco). Mesmo com toda a abordagem positiva em relação a homossexualidade de Stela, a personagem não ficara explicitamente com Catarina (Lilia Cabral). Há a possibilidade de elas acabarem a trama viajando juntas, mas como amigas...

Contudo, é no relacionamento entre homem e mulher que Carneiro se mostra mais atrasado. Dedina traiu o marido, Elias (Leonardo Medeiros), com o melhor amigo dele, Damião (Malvino Salvador). Descoberta a pulada de cerca, ela foi posta na rua, onde passou a mendigar e morar.
Suja e andando aos andrajos enlouqueceu e vai morrer hoje. Enquanto isso, o garanhão Damião, sofreu com uma breve deficiência física, mas já curado, esbanja virilidade e se rencociliará com o amigo que fez corno.

Leo bateu em Catarina, humilhou a filha grávida, Mariana (Clarice Falcão) e tantos outros personagens em "A Favorita". Seu castigo? Falhou na hora h com Dedina, que espalhou para a cidade que o operário era broxa. Isso mesmo, "uma punição e tanto"...

Fotos: Globo/Divulgação