Pesadelo

Anos 50. Frank (Leonardo DiCaprio) e April Wheeler (Kate Winslet) formam um jovem e belo casal. Admirados pela vizinhança, eles se consideram diferentes dos moradores do pacato subúrbio norte-americano em que moram.

Será justamente esse sentimento de superioridade que irá colocá-losem um redemoinho de tristezas em "Foi Apenas um Sonho" ("Revolutionary Road", 2008, EUA/ING, 119 min, Drama), de Sam Mendes.

Na juventude, April tinha a pretensão de ser atriz. Frank queria descobrir sua verdadeira vocação. Uma gravidez não planejada fez murchar esses sonhos, que retornaram quase dez anos depois. É nesse ponto que a história se desenvolve, April não aguenta mais a vidinha cotidiana de mãe e dona-de-casa. O "american way of life" de nova rica não se adequa ao que essa mulher sente que precisa: agito e contato com outras pessoas. Seu marido, ao contrário, mesmo pensando ser muito melhor do que o emprego burocrático em que trabalha, esconde-se nessa realidade, com medo de descobrir que não possui talento algum.

Tudo muda quando eles decidem largar tudo, pegar os filhos e se mudarem para Paris: "cidade onde as pessoas coisas acontecem". A aventura dará lugar a frustrações quando April se descobrir grávida de seu terceiro filho e Frank for tentado com uma promoção no trabalho.

Vencedora do Globo de Ouro de melhor atriz dramática por sua atuação no filme, Kate Winslet realmente se destaca em cena. Seu colega, Leonardo Dicaprio aparece mais maduro e com boas cenas também. Mas é o coadjuvante Michael Shannon --concorrente ao Oscar na categoria--, na pele de John Givings, que rouba a cena. Neurótico e tachado como louco, ele não titubeia em desfazer as aparências e despejar as verdades que ficam nas entrelinhas.