Faltou timing

Em outubro, o ator Pedro Cardoso, durante a cerimônia de premiação do Festival do Rio, fez um manifesto sobre a nudez na arte. Ele reclamou que as "empresas que exploram a comunicação em massa" enxergam na nudez "apenas um modo de atrair público".

Logo mais se soube que o motivo do barulho foram as cenas de nu que sua namorada, a também atriz Graziela Moretto, protagonizou no filme "Feliz Natal", de Selton Mello. Mais, Cardoso teria se irritado é com as exibições privadas que o diretor do longa teria feito a amigos, onde mostrava as imagens de Graziela pelada.

Bom, isso foi em outubro. O assunto apenas "repercutia" no blog do ator Pedro Cardoso, até ontem quando chegaram às bancas e às casas dos assinantes o exemplar 2.090 da revista "Veja", que traz na capa, justamente, uma reportagem especial sobre o tema.

A matéria é interessante, embora não discuta nada novo. O problema é o timing. Dois meses depois do assunto já ter fatigado e entrado no ostracismo, a publicação mais vendida do país dá uma capa a ele? O que aconteceu? Qual novo gancho? Ou desdobramento? Não vale dizer que é o filme "Entre Lençóis", onde Reinaldo Gianecchini e Paola Oliveira ficam pelados quase a produção toda.

Intitulada "Puritanismo envergonhado", a reportagem destaca na linha fina: "A nudez pode ser arte ou protesto, pode significar afeto ou defender causas humanitárias. Tornou-se uma manifestação de liberdade vencedora no mundo de hoje. É, portanto, intrigante que ela esteja sendo contestada agora no Brasil por atores e atrizes. Tudo bem, mas cuidado para não incentivar a censura."

Mas no corpo do texto já se entrega e minimiza: "Alguns atores aproveitaram a oportunidade para revelar que despir-se diante das câmeras envolve sempre uma dose de aflição. Ninguém, entretanto, endossou o discurso de Cardoso, cuja ira se mostrou, afinal, isolada entre os seus colegas."

Bobagem.. Capa fria, requentada... quem quiser, leia na íntegra aqui.