Além do sexo
Vários pênis, algumas vaginas, penetrações, taras e bizarrices sexuais. Você já deve ter lido isso e mais um pouco sobre "Shortbus", filme que chegou às salas de cinema brasileiras (pelo menos em São Paulo) na última sexta.
A fita de John Cameron Mitchell passou pela capital paulista na Mostra Internacional de Cinema e causou rebuliço. E deve causar ainda mais, principalmente para aqueles que detiverem o olhar apenas para o sexo, que não se economiza no longa.
Pois é, da primeira a última cena, o filme escancara nossas necessidades, desejos e ardências sobre a sexualidade. Do desejo de apimentar uma relação incluindo uma terceira pessoa, até o fingimento de um orgasmo. Passando pelo sexo coletivo e pelo sadomasoquismo. Mas é justamente sob essa casca pornográfica que o verdadeiro "Shortbus" se encontra. Fala-se então dos sentimentos, das frustrações e dos medos. Todos nossos: o medo de se perder o amor, a frustração de não sentir, ou de sentir demais. A falta de tato com o outro e consigo mesmo.
Ver esses conflitos todos na telona incomoda. Incomoda muito mais do que assistir a alguém ejacular na própria boca. E é assim durante o filme todo. Rimos, suspiramos, gritamos e nos vemos.
"Shortbus" fala de sexo, mas vai muito além.
Destaque para a ótima trilha sonora, para a bela computação gráfica, que transformou Nova York em uma grande maquete e para as cores quentes, que dramatizam ainda mais o ambiente e as pessoas do filme.